Coleção ‘Fala, Helipa!’

Tallyta Pavan
3 min readJul 28, 2021

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Parte 3/3 — O Jornal da União de Núcleos

Unindo a comunidade por meio de palavras e matérias, os veículos são direcionados exclusivamente para os moradores e todas as gerações presentes

Photo by Markus Spiske on Unsplash

O JORNAL DAS UNAS

Segundo Pesquisa Brasileira de Mídia, realizada em 2015, cerca de 21% da população brasileira lê jornal pelo menos uma vez na semana, e dentro desse número, 80% preferem as versões impressas dos jornais.

“Esses meios offlines ainda funcionam muito bem na comunidade, já que atendem a preferência de idosos e aposentados”, explica Ninive Loriana, ex participante da revista ‘Q Fita É Essa?!’ e atualmente publicitária. “Eles gostam de mexer nas redes sociais, mas sentimos que para ler notícia da comunidade, eles ainda preferem mídias que não dependem de internet”, conta ,

Para atender a demanda de geração de conteúdo, a União de Núcleos, Associações dos Moradores (UNAS) não possui um departamento de comunicação, mas Douglas Cavalcante coordena os projetos da área, mesmo sem um setor estruturado. Ele é responsável, hoje, pela montagem do jornal ‘UNAS Heliópolis e Região’, único veículo impresso da comunidade para atender o público que ainda ama o papel. Surgiu na década de 90 como folhetim, produzido apenas em casos de necessidade.

Atualmente, o jornal é produzido trimestralmente, somando quatro edições ao longo do ano. A produção começa com uma reunião de pauta junto com os diretores da UNAS e aberta ao público, onde são definidos os assuntos que sairão na edição. Douglas nos conta que existem prioridades na hora das publicações, “a gente tira as pautas dos eixos de atuação da UNAS, então, o contexto do jornal é sempre o trabalho da UNAS e a realidade local”.

Nós tiramos as pautas dos eixos de atuação da UNAS, então o contexto do jornal é sempre o trabalho da Unidade e a realidade da população local — Douglas Cavalcante, coordenador da UNAS

Definidas as notícias, o trabalho se divide entre o editor e outras duas pessoas que produzem as oito páginas do veículo. Além do impresso, a UNAS atua nas mídias digitais e por meio do site oficial, porém, o jornal é o meio de maior alcance direto com o povo.

A distribuição dos 15.000 exemplares é gratuita e feita para toda a comunidade, mão a mão, casa por casa. “Eles chegam aqui, nós organizamos grupos e saímos para rua entregar”, o que reforça a missão dessa comunidade de levar a notícia para dentro do bairro. “O intuito é uma comunicação da comunidade para a comunidade, o que eu chamo de ‘nóis por nóis’’, finaliza.

O intuito é uma comunicação da comunidade para a comunidade. Chamo isso de “‘nóis’ por ‘nóis’” — Douglas Cavalcante

Como foi dito no começo: o brasileiro pode usar diferentes caminhos para chegar até as notícias: ouvindo uma estação de rádio, lendo um impresso ou assistindo aos telejornais. Mas para aqueles que não tem condições de fazer o que citei acima, cabe a nós termos dose de empatia e resiliência para estudarmos essa situação e contarmos essa história para o mundo. Dessa forma, as chances do cenário mudar para melhor no futuro aumentam.

O texto acima é parte de um trabalho acadêmico chamado ‘LADO B — Heliópolis’, uma revista voltada para a comunidade e colocando a mesma em evidência, valorizando e mostrando o lado que a maioria das mídias não procuram relatar. Este texto contém pequenas alterações do texto original. Originalmente produzido em conjunto com o jornalista Lucas Campelo.

A revista é obra dos seguintes jornalistas: Amanda Alves, Amanda Schnaider, Bruna Zanin, Bruno Santana, Erick Astolpho, Guilherme Assumpção, Izabella Macedo, Jefferson Campel, João Loures, João Machado, Jonas Kauffman, Laura Castro, Lucas Campelo, Luciano Massi, Maria Morato, Mariana Checoni, Tallyta Pavan e Thamyres Kasperavicius

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Tallyta Pavan

Jornalista. 22 anos. Me encontro nas entrelinhas daqueles que poetizam sobre a vida e acredito na prática de ubuntu.